A resposta mais simples para esse pergunta é: Sim! Existe uma tendência mundial em soluções de segurança utilizando blockchain e o setor e saúde pode se beneficiar muito na utilização desse sistema.
As empresas da área de saúde estão entre as mais vulneráveis a sofrer ataques que levem à de quebra de sigilo e violação de dados. A natureza descentralizada da blockchain pode impedir que tais ataques ocorram.
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Blockchain é um sistema descentralizado que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação pela internet, de forma que o registro seja confiável e imutável, sendo impossível copiar e alterar os dados.
Na blockchain, as informações são armazenadas em blocos, onde cada bloco é “carimbado” com um registro de tempo e data. A cada período de tempo, é formado um novo bloco de transações, que se liga ao bloco anterior em cadeia. Daí vem o nome Blockchain.
O conceito do primeiro blockchain público apareceu em um artigo acadêmico “Bitcoin: um sistema financeiro eletrônico peer-to-peer”, no ano de 2008 publicado por Satoshi Nakamoto, pseudônimo de uma pessoa ou grupo suposto criador do bitcoin.
Os mineradores, responsáveis por montar a cadeia blockchain e validar os blocos, reúnem as transações em blocos, onde um está ligado ao outro por meio de um “hash”. O hash funciona como uma forma de elo e contém uma “impressão digital” de um arquivo. O bloco posterior sempre contém conteúdo novo e mais o “hash” do anterior, criando assim um selo que tem a finalidade de verificar se o bloco foi alterado. A imagem abaixo representa de forma resumida como esse sistema funciona:
A aplicação mais óbvia da blockchain é a utilização do sistema para fazer o registro de transações de criptomoedas. Porém outras aplicações são possíveis e inclusive existem grandes empresas utilizando a tecnologia.
A IBM lançou um serviço de blockchain, que foi apresentado da seguinte forma: “A nova rede da IBM pode possibilitar que um agricultor na Samoa [país da Oceania] faça uma transação com um comprador na Indonésia. O blockchain seria usado para registrar os termos do contrato, gerenciar a documentação do comércio, permitir que o agricultor forneça uma garantia, consiga letras de crédito e finalize a transação com pagamento imediato”.
A Siemens comprou a startup LO3, que desenvolve sistemas P2P de distribuição, venda e coleta de energia. O intuito é a criação de microredes de energia, geridas por blockchain chamada Exergy.
A Pfizer possui um projeto chamado Chronicled, o objetivo desse projeto é trazer blockchain, IoT e inteligência artifical para a sua cadeia de suprimentos. Em 2017 a FDA proibiu a importação de insulina para os Estados Unidos, pois o medicamento é sensível a mudanças de temperaturas, qualquer variação pode comprometer a eficácia do medicamento. Utilizando IoT e blockchain a Pfizer pode garantir a integridade dos medicamentos em toda cadeia produtiva.
No Brasil, a Doctor247 utiliza blockchain no armazenamento de dados de Prontuários Eletrônico do Pacientes (PEP), ao utilizar esse sistema os dados do prontuário tornam-se invioláveis.
O setor de saúde está entre os mais vulneráveis a sofrer crimes cibernéticos. Segundo uma reportagem do The Guardian, durante um período de 3 meses no de 2018 (tempo que durou as investigações do jornal), o setor privado de saúde nos Estados Unidos foi o que mais sofreu violação de dados. Mais da metade dessas violações ocorreu devido a erro humano, enquanto o restante foi devido a ataques mal intencionados. Essas informações confidenciais de saúde podem valer centenas, até milhares de dólares no mercado negro.
A falta de treinamento e respeito aos protocolos de segurança mostrou-se ser um dos principais fatores que levaram à esses problemas, porém, é preciso considerar também os sistemas utilizados nos hospitais. Como na maioria dos sistemas existentes existe um administrador central, qualquer pessoa que tenha acesso aos dados desse administrador poderia corromper os dados que ele carrega. Essas ameaças podem ser reduzidas com treinamento de segurança adequado e protocolos reforçados. Todavia, ao se utilizar a tecnologia blockchain os riscos são eliminados devido a sua natureza descentralizada.
Segundo a empresa de pesquisa e tecnologia Gartner é previsto que o valor das tecnologias e soluções de blockchain irá atingir US$ 176 milhões até 2025 e mais US$ 3,1 trilhões até 2030. Já, de acordo com o Deutsche Bank é previsto que sistemas de blockchain irão registrar transações, representando 10% do PIB mundial até 2027.
Segundo um estudo realizado pela Healthcare Rallies for Blockchain, promovido pela IBM, até o final do ano de 2020, 56% de administradores de empresas do setor de saúde pretendem adotar blockchain para melhorar a troca de informações médicas.